segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Nem toda nudez será castigada


Por Flávio Rezende*

Devemos agradecer todos os dias o fato de estarmos tendo uma experiência corporal e de morarmos num planeta, que apesar de ser expiatório, é divino e maravilhoso.

A experiência em um corpo é o ápice da evolução do hominal neste plano terráqueo, devendo o espírito evoluir no futuro para estágios incorpóreos, passando por sensações fantásticas de uma vida sem carne e osso.

Se hoje já é possível amar a vida como ela é, para muitos que conseguem perceber o DNA da divindade em todos os cantos e recantos do planeta, imagina quando estivermos em planos espirituais mais elevados. O futuro é ouro puro para todos nós.

Amando intensamente tudo que nos cerca e querendo bem a todos os seres existentes, a cada dia, a cada caminhada, vou mergulhando alegremente em aspectos do cotidiano que teimo em repassar para meus leitores, esperando estar contribuindo de alguma maneira, para a felicidade de alguns.

Dias atrás, bailando meus passos pela praia de Ponta Negra, palco de minhas extasiantes caminhadas com músicas como "My Sweet Lord", "Imagine", "Planeta Água" e "Bandolins", além de Novos Baianos, Gil, Ravi Shankar, Nando Cordel e Beatles, fiquei com uma vontade louca de ficar nu.

As leis atuais e o preconceito vigente, mesclados com a moral judaico-cristã, impedem qualquer ousadia neste sentido. Restrito por causa destes detalhes comecei a refletir sobre o nosso maravilhoso corpo humano.

Planejado e aperfeiçoado ao longo de bilhões de anos, o nosso corpo é uma fantástica engenhoca que deixa de boca aberta os biólogos, médicos, engenheiros, arquitetos, místicos e toda uma miríade de seres que percebem o quanto somos abençoados com este invólucro carnal.

Com esta casa apta a albergar espíritos necessitados de experiências evolutivas no plano material, nossa espécie tem nestes corpos uma hospedagem sadia e, bastante tranqüila, exceção para aqueles que teimam em drogar, inchar e aniquilar de maneiras várias, este precioso lar, que mesmo vilipendiado, agredido cotidianamente, ainda tem a capacidade de autocura impressionante, do contrário a média de vida em nosso planeta estaria em torno de 50 anos, no máximo.

Então diante de um maravilhoso templo, de um fantástico lar e de um exuberante equipamento para nossa vida, por qual motivo devemos cobri-lo obrigatoriamente, ou partes dele, como se o mesmo fosse feio, impuro ou impróprio.

Ao longo dos anos fomos cobrindo o corpo por causa do frio, do calor, doenças etc., mas isso deve ser uma opção, uma atitude sazonal devido a questões como essas. Se um ser desejar andar nu, totalmente, sem realizar obscenidades com os demais, tendo um comportamento normal como se tem com roupas, por qual motivo essa opção é tida como um crime e proibida em praticamente todo o globo, com exceção de algumas regiões da África, Índia e em tribos indígenas?

O corpo físico pertence individualmente a cada espírito que o ocupa temporariamente. Cabe a cada ser decidir como ornamentá-lo, como cobri-lo ou se não deseja tais coisas.

Não acredito que Deus, Jesus, Krishna, ou seja, lá quem for que esteja numa posição elevada de juiz da humanidade, vá achar ruim alguém andar nu por ai.

É difícil acreditar que toda nudez será castigada. Espiritualmente não vejo como o nu ser condenado. Quanto à lei dos homens, ainda teremos muitos anos pela frente para que haja um reconhecimento mundial, que o nosso templo, que o nosso lar é sadio, é bonito e pertence a cada um de nós, devendo só ao dono dele, assim como fazemos em nossas casas materiais, decidir se o corpo deve ser coberto ou não.

Para mim, se feita de maneira natural, toda nudez será abençoada.

* É escritor e jornalista em Natal/RN

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