quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Brasileira agredida por neonazistas na Suíça voltará ao Brasil após alta, diz pai

A brasileira Paula Oliveira, de 26 anos, que foi agredida por três homens na noite de segunda-feira (9) na cidade suíça de Dubendorf, perto de Zurique , deve voltar ao Brasil assim que tiver alta do hospital, confirmou ao G1 nesta quinta-feira (12) o pai da moça. Segundo Paulo Oliveira, a bacharel em direito está em estado de choque.

Grávida de gêmeos havia três meses, ela acabou perdendo as crianças em decorrência das agressões e sofreu cortes em todas as partes do corpo. Ela mora na Suíça há quase dois anos, é residente legal e trabalha em uma empresa local.

Segundo Paulo, a polícia ainda não os procurou para que prestem depoimentos. "Ela foi socorrida pelos policiais que ainda tentaram intimidá-la, dizendo que ela era responsável pela versão da história que estava contando. Provavelmente não sabiam que ela era legal, morava e trabalhava lá."

Paula ficou sob tratamento no Hospital da Universidade de Zurique na quarta-feira e voltou para dormir em casa, mas teve de retornar ao hospital nesta quinta.
Sigla marcada em brasileira agredida na Suíça faz alusão a partido xenófobo
“Ela foi chamada para tomar vacinas antivirais. Como foi ferida por objetos cortantes, os estiletes poderiam estar contaminados com hepatite ou outra doença”, disse ele.

A agressão

Segundo relatos que fez para o pai, ela havia acabado de sair do trem e ia em direção à casa onde reside com o companheiro, Marco Trepp, quando, segundo ela, foi surpreendida por três homens, aparentemente neonazistas.

“Deram socos, chutaram e a cortaram com estiletes no corpo inteiro e até fizeram a sigla SVP nas pernas. Nada foi roubado”, afirmou Paulo Oliveira, por telefone, de Zurique, ao G1. “Eles tinham suásticas na cabeça”, informou ele.

Paulo Oliveira, que é secretário parlamentar, foi avisado por ela, por telefone, sobre o ocorrido na madrugada de terça-feira (10), pelo horário de Brasília. Em seguida, avisou ao deputado federal Roberto Magalhães (DEM-PE), para quem trabalha, e também ao senador Marco Maciel (DEM-PE), e pegou o primeiro voo em direção a Zurique, juntamente com a mãe de Paula, Geni.

O pai da vítima contou ainda que a polícia ainda não procurou a filha para obter mais detalhes do ataque. "Aparentaram nenhum interesse. Aparentemente estão trabalhando sem nos dar informação", afirmou. "Mas neste momento a prioridade é cuidar da minha filha. Ela está em estado de choque", completou.

Investigação

A cônsul-geral do Brasil em Zurique, Victoria Cleaver, disse à Globo News que teve contatos nesta quinta-feira com autoridades envolvidas na investigação do caso. Ela disseram que as investigações estão em curso e que algumas "testemunhas indiretas" da agressão já foram localizadas.

De acordo bom Cleaver, as autoridades pediram "paciência", argumentaram que os detalhes da investigação estão sendo mantidos em sigilo e prometeram um relatório ainda nesta quinta-feira.

Cleaver contou ainda que conversou com Paula depois do ataque com o policial que fez o atendimento de Paula logo após o namorado dela ter chamado a polícia.

"O policial que a atendeu e chamou a ambulância deu o cartão dele para ela e foi com ele que fiz o primeiro contato. Estranhamente, ele pediu que fizesse o pedido do que queria por escrito. Depois, também por escrito, disse que, se o consulado quisesse mais informações, falasse com a própria vítima", afirmou.

A cônsul-geral disse que SVP é a sigla de um dos principais partidos políticos suíços (Centro da União Democrática, em livre tradução).

"Uma facção do partido tem uma posição muito dura em relação à questão da imigração. Um grupo era contrário ao referendo (que pode dar mais abertura a imigrantes no país). Acham que tem com o aumento da imigração tem trazido mais problemas, mais concorrência e piora no serviço de saúde e na criminalidade", disse ela.

Fonte: www.g1.globo.com
Globo News

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